quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Quarto


Lençóis desarrumados e cheiro de tabaco no ambiente mofado e escuro.
Ainda vejo a brasa do Garam ao lado da cabeceira
O som do chuveiro ainda canta com despedida dos murmúrios aos meus ouvidos
As doces unhas escarlates já se foram
A voz vermelha disse adeus!
Levou de mim o que havia na carteira, uma carteira de cigarros e um copo de uísque
Vagabunda! Esqueceu de devolver-me o coração.

Olhinhos Negros


Olhinhos negros, quanto tempo tens enquanto esse horizonte?
Quanto de tristeza há em ti fora do teu egoísmo?
Quantas são as cores do teu monocromático artificial?
Ou será que fostes pintado pela ausência de luz de tua alma?
Olhinhos negros, não deixem que tua pequenez se apague neste brilho lacrimal
Lanço-me para dentro de ti e só me acho num vazio
Quantos tempos, meus olhinhos negros, ainda tens diante deste nada de minha alma? ...

Sanguesedento


É um ópio o sangue que bebo
Meu próprio sangue em desapego
Sumo em meio a dor que já é dormência
Sumo sempre, fico em aparência
Quem aqui me vê não vê nada
Me vela a vela no caixão que se acaba
Meu próprio corpo!
Como vampiro, tomo minhas forças, tomo minha dor
E aonde mais possa adormecer na escuridão
Desde que me haja cor