domingo, 19 de dezembro de 2010

Cidadão do Mundo

Pés no chão sem asfalto
Casa de barro
Cor de sangue e suor
Anêmico, decadente
Faminto e desnutrido,
Sou cidadão do Mundo
Imundo

Sem nome de papel passado
João, José, Maria...
Pão passado (?)
Quem me dera...
Um futuro (?)
Deus quem sabe

Só fazendo dessa terra
Meu almoço, meu jantar

Panela também falta
Menos peso prêsse lombo
Que de fome vai quase parando

Cidadão do Mundo
Mundo de fronteira
Porque sertão não tem barreira

Meus cascos no chão
Meu saco nas costas
Vou-me embora prôtro mundo

Sem lágrima pra chorar
Deixo aqui a minha gente
Minha música,
Minha história
Que um “home” vai botar num livro
Cheio de letra e de figura
Pra ler numa sala fria e numa cadeira macia...
Só não entendo, meu Deus,
Por que pra eles,
Minha Dor é cultura

Um comentário:

  1. Fantástico. Estou apaixonado pela sua escrita. Sem palavras para de elogiar
    Só uma curiosidade? Quais autores mais te influênciaram?

    Att.

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